domingo, 2 de agosto de 2009

Ilê Aiyê Uma Associação Sócio-Cultural





Por CRISTIANO DA CRUZ



Em novembro de 1974, jovens negros do bairro da Liberdade, maior comunidade de população afro-descendente do país, fundaram o primeiro bloco afro da Bahia; O Ilê Aiyê. Esse movimento rítmico musical revolucionou o carnaval da Bahia na década de 70, com homenagens às nações e culturas da África, tornando populares os temas africanos, relacionando-os à história do negro na Bahia.


O Bloco que é conhecido internacionalmente foi convidado em 2008, pelo presidente do Equador Rafael Correa, para se apresentar em três cidades do país.
Com o título de "O mais belo dos belos", o Ilê emociona turistas e baianos com a alegria e beleza de seus integrantes. Entretanto, nem ele, nem os demais blocos afro baianos escaparam do círculo preconceituoso que circunda o mercado cultural na Bahia. Em entrevista ao Jornal Trohin, o diretor do bloco Antonio Carlos dos Santos, o Vovô, fala sobre as dificuldades enfrentadas pelo bloco. No início, por exemplo, com o projeto já aprovado em mãos, uma segunda etapa surgia: a dificuldade em encontrar fomento para o mesmo. Os dirigentes do Ilê deparavam-se com a desculpa dada pelos ‘investidores’ do alto investimento financeiro que deveria ser destinado ao projeto. Sobre esse fato Vovô comentou "Achavam que três ou quatro milhões nas mãos da negrada eram um perigo. Nas mãos dos brancos é normal". Um grande banco, cujo nome não foi revelado, apoiou os blocos afros que fazem parte do carnaval da Bahia, mas, foi aconselhado a dividir o montante, por ter destinado grande parte da soma às representações da cultura afro, tal investimento acabou por ser distribuído entre trios elétricos e camarotes, onde, no final, pouco restou para blocos como Ilê Ayê e Filhos de Gandhi.
Com o objetivo de preservar e valorizar a cultura afro, esse patrimônio da cultura baiana vem desenvolvendo durante 35 anos, projetos carnavalescos, educacionais e culturais incitando dessa forma a consciência crítica dos seus integrantes. Atualmente a instituição, mais do que um bloco carnavalesco, é uma associação cultural responsável pelo sustento da Escola Mãe Hilda (nome dado em homenagem a precursora do Ilê Aiyê) e em parceria com a secretaria municipal e outros órgãos, desenvolve o PEP (Projeto de Extensão Pedagógica) com escolas de dança, música , percussão além de cursos profissionalizante como cozinha, corte, capacitação de professores entre outros.
A luta contra a discriminação racial e a favor da auto-estima do negro são prioridades da associação. Esse trabalho de caráter social é respeitado e reconhecido internacionalmente, tornando-se modelo para as instituições sócio-culturais dentro e fora do país.
Último show do Ilê Aiyê no Equador.
"Achavam que três ou quatro milhões nas mãos da negrada era um perigo."

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